Brincar é uma arte?
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Brincar é uma arte?


A brincadeira é algo quase que intrínseco aos seres humanos. Não que ela seja uma característica genética herdada dos ancestrais, mas sim uma prática passada por gerações pura e simplesmente através da repetição. Em nossa cultura a brincadeira transcende as idades, sendo praticada desde os bebês até os idosos. Seja através de jogos, gincanas, faz de conta ou fantasia, a brincadeira – aqui no Brasil – é marca registrada de nosso povo. Mas qual a diferença entre brincadeira e arte? Existem brincadeiras que envolvam aspectos artísticos?

A arte nos coloca diante de algumas características fundamentais que a faz ser considerada como tal. Dentre elas, destaco aqui algumas que constituem as primordiais diferenças entre a brincadeira e o fazer artístico: 1. A presença do espectador (seja ele passivo ou ativo) e do artista (ou criador da obra); 2. A estruturação planejada dos elementos que constituem a obra; 3. A delimitação de uma área para a apresentação. Além destes 3 fatores, existe um aspecto fundamental na formação do artista e em uma apresentação artística que é: a triangulação. Triangulação é quando o artista interage com os elementos de sua obra ou mesmo com os outros artistas que a compõe e, constantemente, entrega a obra ao público, trocando com o espectador o seu olhar, os seus objetos de cena, levando o seu público para e através de seu mundo ou até convidando à participação aqueles que estão assistindo. Mesmo no caso de uma exposição de quadros, aonde o autor das obras não está presente, estes 4 elementos aparecem, mesmo que de outras formas, como por exemplo a presença do artista na assinatura da obra, materializando sua pessoa no próprio quadro e até sendo representado pelo curador da exposição.

O que acontece com a brincadeira é que ela carece de um público a quem se destina, apagando assim a presença da triangulação: ela é centrada em si ou no coletivo que a compõe. No caso de uma brincadeira livre também acontece de o espaço ser limitado não pela estruturação consciente, mas sim do ambiente que está disponível para sua realização. Em um jogo, há um abismo entre o público – no caso de uma torcida – e seus jogadores, pois a triangulação não é constantemente realizada, centrando as ações do jogo, em maior parte, na relação de troca entre os jogadores (incluindo aqui técnicos, treinadores, etc). Contudo, há um tipo específico de brincadeira que é a brincadeira popular ou as manifestações folclóricas de nossa terra. Aqui no Brasil, os mestres desta arte – popularmente conhecida como folguedo – colocam em cena seu time de brincantes que encenam, cantam, tocam e dançam um espetáculo onde o público está bem delimitado, seja em forma de cortejo ou mesmo em um palco (com suas mais diversas variações). Se ainda sim bater a dúvida, se pergunte: o que está acontecendo (obra) está sendo, constantemente, oferecido (triangulação) a alguém (público)?

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