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Musicalização na Educação Infantil: 7 Práticas Criativas

A música sempre esteve presente em momentos importantes da minha vida, especialmente na infância. Da cantiga de ninar ao batuque improvisado com panelas, acredito que o universo musical atravessa gerações e deixa marcas profundas em quem tem o privilégio de vivenciá-lo desde cedo. O que antes era apenas intuição de pais, familiares e professores, hoje é sustentado por pesquisas científicas e experiências práticas: estimular o contato com sons, ritmos, melodias e instrumentos favorece não só o prazer, mas também o desenvolvimento global das crianças.

Neste artigo, compartilho uma jornada apaixonante por sete práticas criativas que transformam o cotidiano pedagógico por meio de vivências musicais acessíveis, lúdicas e que abraçam a riqueza cultural brasileira. Vamos falar sobre benefícios no corpo e na mente, estratégias de sala de aula, integração entre linguagens artísticas, ampliação do repertório cultural, papel do educador, participação da família e adaptações para todas as idades.


Por que abordar a música na infância é tão transformador?


Costumo dizer que a música é ponte. Ela conecta a criança a si mesma, ao outro e ao mundo. Em minhas pesquisas e práticas, percebo que as interações por meio de jogos sonoros, canções e dinâmicas com instrumentos não são apenas um passatempo, elas estimulam funções cognitivas, desenvolvem o raciocínio lógico, melhoram a atenção e fortalecem laços afetivos (como destaca um estudo sobre psicomotricidade e música na aprendizagem).

Já testemunhei crianças muito tímidas soltando a voz em rodas de canções, pequenos com dificuldades motoras desenhando sons com o corpo ou grupos inteiros descobrindo novas formas de expressar emoções sem palavras. O potencial de transformação é real.

Música é experiência, não decoreba.

É criando, improvisando e sentindo que a criança aprende mais e melhor. A seguir, apresento os principais benefícios detectados na infância.


Os benefícios do contato musical na infância


Durante minha atuação, pude constatar de perto os benefícios que as vivências sonoras oferecem, muitos deles comprovados por estudos e relatos de escolas públicas e privadas. Exemplifico os principais ganhos a partir de quatro dimensões:


Desenvolvimento cognitivo


O contato com diferentes sons, ritmos e melodias amplia o repertório cerebral e potencializa o desenvolvimento de habilidades cognitivas. A música estimula áreas do cérebro ligadas à memória, à linguagem e à criatividade, o que impacta diretamente no desempenho escolar, inclusive em matemática e leitura (segundo artigo da Revista Educação Pública).


Socialização e cooperação


Vivências musicais coletivas, como rodas de canções, promovem a escuta ativa e o respeito às diferenças. É nesses momentos que a criança percebe que faz parte de algo maior, aprende a esperar sua vez, a compartilhar instrumentos e a celebrar conquistas em grupo, como mostra a experiência de escolas infantis de São José dos Campos.


Desenvolvimento motor


Atividades que envolvem sons, movimentos corporais e manipulação de instrumentos favorecem a coordenação motora grossa e fina. Saltar no ritmo de um tambor, bater palmas alternadas, fazer gestos de acordo com a letra de uma canção: tudo isso estimula o corpo a experimentar, explorar e evoluir, como reforçado pela pesquisa acima citada.


Bem-estar emocional


A música é também uma ferramenta de expressão emocional poderosa. Ao cantar, tocar ou criar, as crianças vivenciam sentimentos, lidam com frustrações e aprendem a comunicar o que nem sempre conseguem traduzir em palavras. Já presenciei crianças acalmando-se com uma canção suave ou transbordando alegria ao executar uma batucada.


Outros ganhos que percebo frequentemente:


  • Desenvolvimento auditivo refinado e percepção de nuances sonoras

  • Expansão do vocabulário e compreensão de novas palavras

  • Fortalecimento da identidade cultural e familiaridade com tradições locais

Esses benefícios são mais evidentes quando o contato com o universo musical é frequente, diversificado e afetuoso.


Sete práticas criativas para envolver a criança com a música


Ao longo de minha experiência, percebi que métodos criativos associados ao prazer lúdico funcionam melhor do que aulas puramente teóricas ou repetitivas. Por isso, detalho sete práticas que acredito serem muito eficazes e fáceis de adaptar à realidade de cada turma e espaço.


1. Roda de cantigas populares e brincadeiras de roda


Rodas de canções costuram infância, memória e cultura. No centro, a voz da infância ecoa, com alegria, timidez ou curiosidade. Eu vejo a roda como o espaço mais democrático da escola: cada canto encontra sua vez e todo mundo é protagonista.

  • Resgate de repertórios tradicionais: Canções como “Escravos de Jó”, “Se essa rua fosse minha” e “Ciranda, Cirandinha” são exemplos muito presentes. As crianças vivenciam ritmo, melodia e letra de modo integrado com movimento corporal coletivo.

  • Integração com danças: Dá para explorar coreografias simples ou criar novas formas de mexer o corpo seguindo o ritmo da canção. Ao adaptar brincadeiras populares, como a ciranda ou o cacuriá, amplia-se a conexão com manifestações culturais brasileiras.

  • Espaço para improviso: Cada rodada pode trazer desafios, como mudar a velocidade da canção, inverter papéis ou incluir palavras inventadas.

Essas práticas permitem que todas as crianças participem, independente do seu nível de musicalidade anterior. E, a cada repetição, percebo o fortalecimento do vínculo entre elas.


2. Experimentação com instrumentos simples e reciclados


Em minha opinião, dar à criança a chance de fazer música com o que tem em mãos é uma das vivências mais ricas do cotidiano escolar. Instrumentos de sucata (potes, latas, grãos, tampinhas) não só desenvolvem a criatividade, mas também promovem consciência ambiental.

  • Oficina de construção de instrumentos: Já conduzi oficinas onde cada criança cria seu chocalho, tambor, reco-reco ou agogô. O processo de construção é tão importante quanto o toque! Envolve planejamento, motricidade fina e alegria na descoberta.

  • Descoberta de timbres: Montar uma “banda” com diferentes materiais incentiva a escuta de sons distintos e a percepção de volume, altura e intensidade.

  • Jogos de improviso sonoro: Propor desafios como: “Busque um som grave”, “Procure um ruído leve” ou “Toque sem usar as mãos”.

O envolvimento cresce à medida que a criança percebe sua potência criadora. O resultado é um ambiente sonoro genuíno e cheio de personalidade.


3. Jogos musicais corporais


O corpo é o primeiro instrumento musical da criança. Palmas, estalos, sapateados, batidas no peito ou nas pernas, tudo vira som quando há espaço para experimentar. Em minhas aulas, costumo propor desafios rítmicos baseados em palmas alternadas, jogos de perguntas e respostas sonoras e até pequenas coreografias percussivas.

  • Bate e responde: Um aluno faz uma sequência de palmas, e o colega responde imitando ou inventando uma sequência nova.

  • Sons em diferentes partes do corpo: Explorar os sons que surgem ao bater palmas, estalar os dedos, sapatear, assobiar ou bater na barriga.

  • Desenhos sonoros e dramatizações: A criança representa uma chuva (dedilhando nas palmas), trovão (batidas fortes), vento (soprando), árvores balançando (falando em sussurros).

Esses jogos favorecem a consciência corporal, percepção do espaço e criatividade rítmica.


4. Narrativas e contação de histórias musicadas


A união entre história e música é pura magia aos olhos da criança. Já vi contos ganharem vida com trilha sonora improvisada, personagens cantores ou sons que surgem espontaneamente para ilustrar ações.

  • Contação participativa: A cada trecho da história, a criança é convidada a criar sons que representem personagens, passos, vento, chuva ou risadas.

  • Músicas-tema: Algumas histórias sugerem melodias próprias, facilitando a fixação e a compreensão do enredo.

  • Dinâmicas de perguntas musicais: Após uma história, proponho perguntas que precisam ser respondidas cantando ou batendo ritmos diferentes.

A música torna o ato de ouvir histórias ainda mais envolvente, enriquece o vocabulário e incentiva a participação ativa.


5. Integração com outras linguagens: dança, artes visuais e teatro


Sempre defendo que a arte é um território de encontros. Por isso, criar cenários onde a música se entrelaça com outras expressões, como dança, pintura ou teatro, potencializa o aprendizado.

Onde há música, sempre cabe mais arte.
  • Pintura ao som: A criança desenha ao ritmo de diferentes músicas, experimentando cores fortes em canções agitadas e tons suaves em melodias calmas.

  • Improvisação teatral musicada: Pequenas cenas são criadas a partir de um estímulo sonoro ou musical, favorecendo a expressão do corpo, da voz, dos gestos e da criatividade.

  • Dança livre: Convido as crianças a “deixar o corpo dançar como quiser”, respeitando seus limites e valorizando a espontaneidade.

Nessas atividades, percebo como alunos que, por vezes, relutam em cantar ou tocar um instrumento se sentem mais confiantes ao expressar-se pela dança ou pela pintura.


6. Repertório brasileiro e valorização das manifestações folclóricas


A sonoridade popular do Brasil é uma fonte riquíssima para a escola. Do carimbó ao cacuriá, do coco ao boi-bumbá, há inúmeras possibilidades de explorar histórias, ritmos, melodias e danças que envolvem gerações. Sempre busco adaptar essas manifestações para o universo infantil, valorizando a oralidade, os instrumentos típicos e o contexto das festas tradicionais.

  • Brincadeiras inspiradas em festas regionais: Os alunos podem confeccionar instrumentos típicos, aprender passos de dança ou interpretar personagens folclóricos.

  • Exploração do ritmo: Atividades que envolvem batidas de coco, compasso da ciranda ou o balanço do carimbó.

  • Narração de lendas seguido de musicalização: Ao contar uma lenda popular, insiro batidas, canções e elementos teatrais.

O contato com diferentes culturas dentro do Brasil amplia o horizonte da criança, estimula o respeito à diversidade e fortalece a identidade cultural.


7. Vivências familiares e integração com a comunidade


Algo que sempre me encanta é ver as famílias participando das experiências sonoras. Seja em festas escolares ou oficinas abertas para familiares, quando a música extrapola o portão da escola, ela cria laços para a vida toda.

  • Oficinas multigeracionais: Propor atividades onde pais, avós e irmãos compartilham músicas de sua infância.

  • Saraus musicais: Organizar apresentações onde as crianças mostram o que aprenderam e convidam familiares e comunidade a se apresentar também.

  • Propostas para casa: Sugestão de brincadeiras, jogos ou pequenas tarefas musicais a serem feitas em família, por exemplo, criar uma música juntos para um momento especial.

Quando a comunidade se envolve, a musicalidade se torna mais viva e significativa.


O papel do educador nas práticas de musicalização


Ao longo do tempo, percebi que o comportamento e a postura do educador influenciam profundamente os resultados das experiências musicais. Não é preciso ser músico profissional para conduzir boas vivências. O mais importante, na minha opinião, é estar aberto à escuta, ao improviso e às ideias vindas das próprias crianças.

  • Atitude acolhedora: O professor deve criar um ambiente seguro onde o erro é parte do processo. O improviso é sempre bem-vindo.

  • Misto de planejador e aprendiz: Embora seja importante planejar, é fundamental abrir espaço para o inesperado, permitindo que a criatividade das crianças conduza a atividade.

  • Flexibilidade: Adaptar o nível de dificuldade, incluir alunos com necessidades específicas e alternar entre atividades mais agitadas e outras mais calmas são cuidados essenciais.

  • Mediação cultural: O educador pode enriquecer o repertório das crianças ao apresentar manifestações artísticas regionais, buscar parcerias com músicos locais e promover festivais internos.

Já presenciei crianças surpreendendo os adultos ao sugerirem canções não previstas ou criarem jeitos próprios de tocar determinado instrumento. Esses momentos, para mim, são os mais especiais.


Como criar ambientes inclusivos e estimulantes?


Ambientes planejados e acolhedores inspiram a criança a experimentar mais livremente. Compartilho algumas dicas que contribuíram muito para o sucesso das atividades sonoras:

  • Organizar o espaço da sala de modo flexível, permitindo que bancos e mesas sejam afastados quando necessário.

  • Deixar instrumentos e materiais ao alcance das crianças, promovendo autonomia.

  • Usar recursos visuais como cartazes, partituras coloridas (com desenhos em vez de notas), vídeos de danças folclóricas.

  • Garantir momentos para escuta ativa, silêncio diante de uma música calma ou pausa para perceber o som do ambiente ao redor.

  • Adotar uma rotina variada, alternando musicalização com outras áreas do conhecimento.

O espaço deve convidar, não intimidar.


Adaptação das práticas para diferentes faixas etárias


Um detalhe fundamental para mim sempre foi a adaptação das atividades de acordo com a idade e o perfil do grupo. A musicalidade se manifesta de jeitos muito diversos conforme o desenvolvimento infantil. Trago aqui exemplos práticos de como adaptar para bebês, crianças pequenas e mais velhas:


Bebês e crianças até 3 anos


  • Rodas curtas com canções repetitivas e gestos simples.

  • Brinquedos sonoros macios (chocalhos, sinos envoltos em tecido).

  • Exploração livre do espaço ao som de músicas calmas, incentivando engatinhar ou balançar o corpo.

  • Musicoterapia sensorial: experimentação de diferentes texturas e vibrações associadas a sons graves e agudos.


Crianças de 4 a 6 anos


  • Jogos de eco musical ("Cante como eu canto").

  • Exploração de instrumentos mais variados e propostas de improviso musical coletivo.

  • Integração com outras linguagens: pintura ao som, pequenos teatros ou danças guiadas.

  • Brincadeiras folclóricas que desafiem a memória e promovam rodízios de papéis.


Crianças a partir de 7 anos


  • Composição de canções simples com letras criadas em grupo.

  • Aulas sobre ritmos brasileiros, construção de pequenas apresentações musicais.

  • Projetos temáticos (por exemplo: a história de um ritmo brasileiro).

  • Incorporação de recursos tecnológicos (aplicativos de gravação, montagem de playlists).

A escuta das necessidades e preferências do grupo é sempre prioridade na escolha das estratégias.


Integrando família e comunidade: continuidade da musicalização fora da escola


A experiência mostra que os ganhos se multiplicam quando a musicalidade transcende o espaço escolar. Por isso, sempre incentivo a extensão das atividades para o ambiente familiar, promovendo encontros entre gerações. Destaco ações que geraram bons resultados:

  • Pedir aos familiares que compartilhem músicas típicas de sua região com as turmas.

  • Criar desafios para que as crianças coletem sons do cotidiano de casa (bater panelas, assobios, animais) e tragam para socializar em roda.

  • Sugestão de playlists temáticas para ouvir junto durante a semana.

  • Propor pequenos espetáculos familiares, com canções, encenações e danças.

  • Registro das experiências: livros de música da família, desenhos inspirados nas músicas preferidas, vídeos caseiros das apresentações infantis.

O laço afetivo se fortalece quando a criança sente orgulho de compartilhar experiências musicais vividas na escola.


Aprofundando repertórios: folclore e manifestações brasileiras na escola


Explorar a riqueza do folclore é uma das minhas paixões, pois, junto com canções, costumo abordar brincadeiras, personagens, histórias e instrumentos típicos de várias regiões. Isso amplia horizontes e desperta o respeito à diversidade.

  • Trabalhar com brincadeiras de boi-bumbá, ciranda, carimbó, cacuriá, maracatu, coco, samba de roda e outros ritmos populares.

  • Usar fantasias e adereços simples para caracterizar os personagens folclóricos.

  • Misturar música a narrativas: contar lendas locais com trilhas sonoras criadas pelas crianças.

  • Convidar músicos populares ou representantes da comunidade para oficinas temáticas.

Já tive a honra de presenciar crianças do sul dançando carimbó do Pará e alunos do nordeste improvisando ciranda... Isso é conexão viva!


Dicas para inovar na musicalização em sala de aula


Como acredito que inspiração nunca é demais, compartilho sugestões que descobri ao longo dos anos para tornar as atividades ainda mais envolventes:

  • Pausas para escuta ativa: propor alguns minutos semanais para ouvir o “silêncio” ou sons do ambiente externo e transformá-los em música.

  • Mistura de idiomas: cantarolar músicas em outros idiomas ou traduzir canções brasileiras para as línguas que as crianças conheçam.

  • Estímulo ao erro criativo: incentivar as crianças a experimentar sons inusitados sem medo de errar.

  • Circuitos musicais: montar estações na sala, cada uma com um tipo de instrumento ou desafio sonoro diferente.

O mais importante é manter vivo o encantamento.


Como planejar e implementar projetos de musicalização?


Acredito que organização e intencionalidade potencializam as experiências. O planejamento pode seguir etapas muito simples:

  1. Mapear o repertório dos alunos: quais músicas, jogos e manifestações artísticas estão presentes em casa, no bairro e na escola?

  2. Elaborar um cronograma flexível, alternando entre atividades de canto, percussão corporal, expressão corporal e integração com outras linguagens.

  3. Estabelecer objetivos claros para cada faixa etária, sem perder a espontaneidade e a adaptação durante as vivências.

  4. Promover registros (fotos, desenhos, relatos) e avaliações compartilhadas: o que foi mais marcante para cada grupo?

Para aprofundar esse tema e buscar mais sugestões de implementação, recomendo o conteúdo sobre dicas práticas para projetos de musicalização.


Desafios e soluções na condução das atividades musicais


Nem tudo são flores. Em ambientes escolares e culturais, já enfrentei alguns desafios recorrentes e, com o tempo, aprendi estratégias para contorná-los:

  • Desmotivação de parte dos alunos: Alterno propostas, diminuo o ritmo e busco formas de incluir temas do cotidiano da turma.

  • Falta de materiais: Aproveito o que há disponível; recorro à criatividade com instrumentos recicláveis e à força do corpo como instrumento principal.

  • Desníveis de habilidade: Fortaleço a cooperação, proponho tarefas em duplas ou pequenos grupos e valorizo conquistas individuais.

  • Limitações de espaço físico: Agendo atividades externas ou adapto a proposta para espaços menores, focando na exploração corporal individualizada.

Flexibilidade e escuta ativa são os maiores aliados nessas situações.


Como despertar o encantamento musical desde cedo?


Em minha prática, percebo que pequenas atitudes despertam grande interesse:

  • Rituais musicais diários, como cantar para entrar e sair da sala.

  • Propostas inesperadas: tocar de olhos vendados, experimentar sons invertendo instrumentos.

  • Permissão afirmada para a criança inventar novas regras, letras ou coreografias.

  • Registro das criações das crianças, valorizando suas invenções.

Para saber mais sobre como conquistar o interesse das crianças, deixo a sugestão de conhecer práticas listadas no post sobre encantamento musical.


Exemplos práticos de vivências para cada idade



Para bebês:


  • Botar para ninar ao som de acalantos regionais

  • Movimento suave nos braços ao compasso de lullabies clássicos

  • Tapinha suave nas pernas enquanto se canta


Para crianças de 2 a 4 anos:


  • Toddler band: bastões de chuva, latas, chocalhos e roda-rítmica simples

  • Jogos de eco-sonoro ("Você bate, eu repito")

  • Imitação de sons de animais em canções temáticas


Entre 5 e 7 anos:


  • Criação coletiva de letras para músicas conhecidas

  • Oficinas de instrumentos recicláveis

  • Dança livre inspirada por músicas regionais


A partir de 8 anos:


  • Montagem de pequenas bandas temáticas

  • Estudo de ritmos folclóricos

  • Criação de espetáculos envolvendo música, dança e teatro

O ciclo de criação, partilha e reinvenção é o que potencializa o aprendizado musical.


Integração entre diferentes áreas do conhecimento


Música não caminha sozinha. Sempre percebo ótimos resultados ao integrá-la com outras disciplinas. Veja como isso pode acontecer:

  • Matemática: Jogos de contagem rítmica, padrões sonoros e medição de tempo

  • Linguagem: Enriquecimento do vocabulário, rimas, improvisos poéticos

  • História: Pesquisas sobre a origem das canções e ritmos

  • Ciências: Exploração dos sons do corpo e do ambiente

  • Educação física: Circuitos corporais no ritmo das músicas

A música é fio condutor para o conhecimento interdisciplinar.

Música, criatividade e inclusão: potencializando todos os sentidos


Nas práticas inclusivas, adaptação é a palavra-chave. Crianças com deficiência visual podem perceber sons com mais detalhe, enquanto outras, com questões de mobilidade, podem criar instrumentos fixos. Incluo sempre propostas que envolvem percepção tátil, sonoridade e movimentos simples.

  • Músicas com gestos fáceis e padronizados

  • Instrumentos de fácil manuseio

  • Atividades em que o toque é mais importante que o resultado

  • Promoção da criação coletiva, garantindo lugar a cada criança

A música aproxima, inclui e potencializa as diferentes formas de aprender.


Valorização da cultura local e da pluralidade cultural brasileira


Sempre oriento escolher músicas que representem a diversidade geográfica, étnica e temporal do país. Ao longo do tempo, percebi como isso fortalece o sentimento de pertencimento e abre espaço para debates sobre respeito e identidade.


Dicas para educadores inovarem no cotidiano


Além dos exemplos já compartilhados, trago sugestões úteis para quem quer inovar no dia a dia:

  • Incentive a criação de instrumentos em casa e compartilhe vídeos com a turma

  • Motive a experimentação de sons em diferentes locais da escola (no pátio, na biblioteca, no jardim)

  • Introduza gêneros e estilos variados, valorizando tanto a cultura nacional quanto a mundial

  • Promova desafios de criação de letras ou melodias sobre temas estudados em outras áreas

Para saber mais sobre recursos lúdicos e pedagógicos, sugiro conhecer o artigo sobre recursos musicais que encantam e ensinam.


Aprofundando o processo criativo na musicalização


Na minha experiência, autonomia e criatividade são combustíveis para o desenvolvimento musical. Incentivo sempre a criança a experimentar, inventar e criar novas formas de brincar com sons. Um exercício que costumo fazer é pedir que transformem objetos do cotidiano em instrumentos e depois criem uma apresentação coletiva a partir dessa experiência.


Experiências de integração: exemplos reais


Cito alguns exemplos que me marcaram:

  • Projeto onde as crianças criaram trilhas sonoras para contos indígenas

  • Oficina com familiares, onde avós ensinaram cirandas de sua infância

  • Piquenique sonoro: cada um levou um instrumento “improvisado” e formamos uma orquestra ao ar livre

  • Pequena mostra de trabalhos em que as crianças apresentaram músicas regionais com adereços simples

Quando existe colaboração, todas as faixas etárias se envolvem e aprendem juntas.


Recursos para ampliar experiências e repertório


Além das práticas presenciais, considero importante buscar inspiração em materiais diversos: livros de parlendas e cantigas, sites oficiais de cultura popular, playlists colaborativas das famílias, vídeos curtos sobre danças regionais, oficinas interativas e aplicativos educativos.

Se você quer mais ideias de integração musical, recomendo a leitura sobre práticas de integração musical na educação infantil e, para entender a relevância das aulas de música desde cedo, explore a discussão sobre a importância da musicalização infantil.


Como estimular o prazer e a continuidade da vivência musical?


Pra mim, o segredo está em transformar a música numa atividade corriqueira e prazerosa, e não em uma obrigação avaliativa. Permita à criança trazer suas músicas favoritas, sugerir novos ritmos ou ser protagonista nas apresentações. Promova, se possível, momentos de escuta “sem pressa”, valorize o improviso e adapte sempre que algo não funcionar para manter o encantamento.


O que a ciência mostra sobre musicalização e aprendizagem?


Já foram publicados diversos estudos que consolidam o impacto positivo da música no desenvolvimento infantil. A integração entre música e psicomotricidade melhora habilidades motoras, de vocabulário e até de matemática. Outro ponto forte é o que destaca a Prefeitura de São José dos Campos: o contato musical promove disciplina, desenvolve criatividade e fortalece emocionalmente.


Resumo final: criatividade, respeito e diversidade


Depois de tantos anos trabalhando com crianças e música, tenho convicção de que as práticas criativas são apenas o ponto de partida para uma transformação permanente. Adaptar, ouvir e se reinventar são os maiores segredos do processo.

A musicalidade na infância é uma arte coletiva.

Cabe a nós, adultos, multiplicar experiências, valorizar a cultura local, envolver a família e proporcionar momentos de verdadeira alegria e conexão. Espero que essas sete práticas tenham acendido novas ideias e tragam mais sons, ritmos e afeto ao cotidiano das crianças.


FAQ sobre musicalização na educação infantil



O que é musicalização na educação infantil?


Musicalização na educação infantil é o conjunto de práticas que introduzem o universo da música no cotidiano de crianças pequenas, de modo lúdico e criativo. Inclui atividades como canto, jogos, experimentação com instrumentos e integração com outras linguagens artísticas, promovendo o desenvolvimento global e o contato com diferentes repertórios culturais.


Como aplicar musicalização nas escolas?


Para aplicar vivências musicais na escola, eu recomendo:

  • Apostar em rodas de canções e jogos rítmicos que envolvam a turma toda;

  • Usar instrumentos simples, reciclados ou feitos pela própria turma;

  • Integrar música, dança, artes visuais e teatro em projetos interdisciplinares;

  • Trazer repertório da cultura brasileira e manifestações folclóricas;

  • Adaptar todas as práticas para diferentes idades e necessidades;

  • Incentivar a participação ativa das famílias e da comunidade.


O educador precisa criar um ambiente acolhedor, ouvido atento e deixar espaço para que as crianças também proponham ideias. Quais os benefícios da musicalização infantil?


Segundo pesquisas e experiências, a musicalização favorece o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social. Estimula a criatividade, amplia o vocabulário, melhora a atenção, a percepção sonora e a coordenação motora. Também fortalece laços afetivos dentro da turma e com a família, oportuniza contato com riquezas culturais e incentiva a expressão de sentimentos.


Quais instrumentos usar com crianças pequenas?


É possível utilizar instrumentos simples e seguros, como chocalhos, tambores pequenos, reco-recos, pandeiros e bastões de chuva. Materiais feitos de sucata (garrafas pet, potes, latas) são ótima alternativa. O corpo também é um recurso poderoso, com palmas, estalos e sapateados. O mais importante é garantir variedade de timbres e acessibilidade para todos os alunos.


Onde encontrar atividades de musicalização criativa?


Sugiro buscar referências em livros de cantigas, sites oficiais de cultura popular, portais educativos e publicações especializadas. Muitas ideias práticas podem ser encontradas em artigos sobre integração musical na educação infantil e dicas para inovar na musicalização. Recursos digitais, vídeos sobre manifestações folclóricas e oficinas online são caminhos possíveis para enriquecer o repertório.

 
 
 

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