Antes de responder a essa pergunta, fica uma dúvida: você já brincou com alguma criança antes? Se sim, já deve ter notado que, muitas vezes, algumas lógicas na brincadeira são totalmente inversas ou mesmo descompensadas, como os preços em uma venda ou um restaurante, como o tamanho da força de uma arma que nem é tão forte ou mesmo a quantidade de vezes que se dá de comer para uma boneca e o tempo de gravidez para um bebê nascer. É certo que as crianças possuem uma temporalidade própria e é este tempo da brincadeira o principal fator para desvendarmos se quisermos entrar no universo delas.
Assim como no teatro de improviso é de costume se dizer que se tem de acreditar na ideia que o seu companheiro lhe sugere, com as crianças não é diferente. Para que a brincadeira flua, esta é minha primeira dica: sempre atue de acordo com estas lógicas totalmente fora da realidade e até sugira ou improvise algumas de sua autoria. Tentar levar à criança uma lógica real do universo adulto apenas gera incômodo e impede a brincadeira de seguir tranquilamente.
Outro ponto crucial para os adultos e que os distancia da brincadeira com os pequenos é quererem sempre mandar que as crianças realizem uma tarefa, como por exemplo: "vá, suba; faz comida para a bebê; passa por ali; etc". Entre no universo que está sendo proposto e, por outro lado diga coisas como: "venha comigo; vou dar comida para a bebê, quer me ajudar?; vou por ali, você vem?; etc". Desta forma há uma maior proximidade entre o pequeno e o grande brincante.
É claro que esta imersão no mundo que a criança quer propor também tem um limite. Sempre há aquele momento onde precisamos sair do papel a que estamos nos propondo para colocar algumas regras ou mesmo para dar alguma indicação com a voz de adulto que nos cabe. Mas não se preocupe, apenas deixe claro que é uma pausa da brincadeira e que logo ela retornará.
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