
Atividades Legais de Brincadeiras Folclóricas na Educação
- Flavio Aoun
- 16 de out.
- 10 min de leitura
As brincadeiras tradicionais do folclore brasileiro são um tesouro que atravessa gerações. Elas divertem, ensinam e unem. Quando levadas para o contexto escolar ou para eventos de diferentes idades, viram momentos de aprendizado inesquecível. Neste artigo, você vai descobrir formas práticas e inspiradoras de tornar essas vivências ainda mais prazerosas, integrando música, histórias e criatividade manual a partir de influências do Cacuriá, Ciranda, Coco e Carimbó. Vai perceber como recursos simples podem transformar a sala de aula, festas ou oficinas em espaços vivos da cultura popular.
A cultura vive e respira em cada canto do brincar.
Por que trazer brincadeiras folclóricas para a educação
Há algo encantador na simplicidade das ruas e praças, onde crianças aprendiam pulando amarelinha ou rodando ao som da ciranda. Trazer essa herança para os ambientes educacionais incentiva novas gerações a reconhecer diferenças, respeitar origens e exercitar múltiplas habilidades. Além disso, promover atividades inspiradas em nossas raízes culturais desperta senso de pertencimento – algo essencial numa sociedade tão diversa.
Na perspectiva do panorama sobre as dimensões da cultura no Brasil do IBGE, a cultura popular é um dos pilares para a formação de identidade e cidadania. Por isso, brincar com o folclore é mais do que diversão. É agir na formação de valores.
Impactos positivos das oficinas folclóricas no desenvolvimento infantil
Pesquisas, como as da Universidade Franciscana, indicam que momentos lúdicos com envolvimento coletivo contribuem para o desenvolvimento global das crianças. Isso inclui a coordenação motora, a imaginação, a expressão verbal, a musicalidade e a sociabilidade.
Nas atividades de roda ou dança, por exemplo, movimentos rítmicos ajudam na sensação de equilíbrio e percepção espacial. Versos e músicas ativam regiões do cérebro vinculadas à linguagem. A construção de brinquedos recicláveis estimula tanto a criatividade quanto a consciência ambiental.
Sem falar que, em toda brincadeira folclórica, existe a necessidade de negociação coletiva: aprender a esperar a vez, ouvir, propor, modificar regras – enfim, colaborar. Se pensarmos em festas e eventos coletivos, isso ganha ainda mais força, conectando pessoas de todas as idades em experiências significativas.
Elementos do folclore brasileiro: brincadeiras que encantam
Quando se fala em atividades que promovem alegria e envolvimento, as manifestações tradicionais brasileiras são inspirações riquíssimas! Cada região do país oferece diferentes ritmos, histórias e formas de brincar. Vamos conhecer alguns clássicos que podem ser utilizados na educação, tanto formal quanto informal.
Cacuriá: ritmo, corpo e risos
O Cacuriá, dança típica do Maranhão, mistura música, palmas, canto e movimentos de quadril em coreografias circulares. É vibrante, inclusiva e permite que todos participem sem medo de errar.
Público: crianças a partir de 6 anos, adolescentes, adultos e até idosos (com adaptações de intensidade)
Objetivo: estimular coordenação motora, musicalidade, respeito ao corpo e espaço do outro
Uma ideia fácil é formar rodas, ensinar os participantes a marcar o ritmo batendo palmas e, aos poucos, incluir passos básicos do Cacuriá – ginga de pernas, rodopio, sorriso no rosto. Pode-se usar pandeiros ou latas recicladas para marcar o compasso.
O importante é o riso solto e a vontade de se mexer junto.
Ciranda: união e oralidade
A Ciranda, muito presente no litoral nordestino, une canto, roda e passos leves. Dá para integrar todas as idades, inclusive bebês carregados no colo. O segredo é não deixar ninguém de fora!
Adultos podem ensinar a letra das músicas enquanto as crianças repetem, estimulando linguagem e memória.
O movimento circular reforça a cooperação e a sensação de pertencimento ao grupo.
Para tornar a experiência ainda mais rica, experimente adaptar letras com temas atuais ou piadas do grupo. Assim, cada círculo será único.
Coco: criatividade com objetos simples
O Coco de Roda, com origem entre Pernambuco e Alagoas, é divertido e rítmico. Os participantes sapateiam, batem palmas e improvisam versos. Para oficinas, sugerimos separar tampinhas, latas ou copos usados que podem virar instrumentos de percussão.
Idade recomendada: todas; apenas ajuste o ritmo e complexidade dos movimentos
Foco: fortalecer criatividade, expressão corporal, musicalização e reciclagem
Carimbó: dançar com graça e cor
O Carimbó é símbolo do Pará e se destaca pelos passos livres e pelas saias rodadas, geralmente decoradas com estampas alegres.
Para viver o Carimbó na escola, não é preciso luxo. Tiras de TNT colorido já viram “saias” improvisadas. Quem quiser, pode fabricar chocalhos com garrafas PET e milho seco.
Essas atividades, além de valorizarem a tradição, facilitam o reconhecimento dos elementos culturais do cotidiano, conforme proposto em projetos sobre jogos populares folclóricos no Portal do Professor.
Integração de contação de histórias, música e brinquedos recicláveis
Como unir diferentes linguagens artísticas numa atividade envolvente? A resposta está na conexão orgânica entre contar histórias, criar música e construir brinquedos. Cada elemento potencializa o outro.
Conto, canto e movimento: um roteiro prático
Escolha uma lenda ou história regional: O Saci, o Bumba-meu-boi ou alguma fábula da oralidade local.
Conte a história: Use entonação teatral, expressões faciais e convide a plateia para participar de certos trechos.
Incorpore músicas e cantigas: A cada momento de surpresa ou mudança, cante uma música curta relacionada.
Inclua objetos confeccionados na hora: Chapéus de jornal, máscaras com retalhos, instrumentos feitos de materiais recicláveis.
Finalize com brincadeiras coletivas: Pode ser uma dança do Carimbó ou uma roda de Ciranda, utilizando os brinquedos criados.
Esse roteiro une aprendizado cognitivo, expressão artística e consciência ambiental – como mostram iniciativas que articulam práticas contemporâneas com jogos folclóricos no contexto escolar.
Histórias contadas de mãos dadas têm gosto de infância.
Materiais simples, acessíveis e cheios de possibilidades
A beleza dos brinquedos recicláveis está na simplicidade. Não há quem não tenha orgulho de ver uma latinha virar tambor. Aliás, os materiais fáceis de encontrar muitas vezes são os que mais surpreendem.
Garrafas PET: Enchem de cores qualquer oficina e viram chocalhos, balizas de corrida ou suportes para argolas
Tampinhas plásticas: Perfeitas para jogos de encaixe e para criar bichinhos
Papéis e jornais: A base de máscaras, chapéus ou folhas de história
Rolos de papelão: Instrumentos de sopro e binóculos para “explorar lendas” no pátio
Fitas de tecido ou TNT: Rodas de dança, estandartes ou saias coloridas
Milho seco, arroz, feijão: Para encher chocalhos ou como parte do cenário das histórias
Dica prática: oficina de percussão reciclada
Monte uma oficina rápida com as crianças para criar instrumentos usando latas de leite, grãos e bexigas. Cada participante decora seu instrumento com tintas ou papeis coloridos e depois toca junto em roda.
Adaptações para diferentes contextos: escola, festa e eventos
Cada ambiente tem seu ritmo, seus limites e suas oportunidades. O segredo das brincadeiras inspiradas no folclore, talvez, esteja na flexibilidade. Uma mesma atividade pode ser redimensionada para grandes eventos, festas de família ou aulas regulares, bastando observar o tamanho do grupo e os recursos disponíveis.
Oficinas em sala de aula: construindo conhecimento coletivo
Rodas de conversa: Peça aos alunos que resgatem brincadeiras de suas famílias. Use esses relatos como base para montar roteiros de novas atividades lúdicas.
Atividades interdisciplinares: Combine histórias folclóricas com matemática (contagem de passos em danças), geografia (localização das manifestações) ou artes.
Vivências lúdicas: Estudos sugerem que atividades como a construção de gráficos e pesquisas coletivas podem potencializar o engajamento dos alunos, tornando-os mais participativos no processo de aprendizagem.
Colocar a mão na massa, seja ao criar brinquedos, dançar ou recitar rimas, é uma maneira direta de criar pontes entre teoria e prática.
Festas e eventos: mais cor e alegria
Cantos decorados com materiais reaproveitados e banners com versos folclóricos
Dança com as famílias, promovendo a união, descontração e memórias afetivas
Oficinas móveis, que permitem aos convidados, de todas as idades, experimentar instrumentos ou aprender brincadeiras regionais
Nesses momentos, todos se reconhecem como parte de um legado. O vínculo vai muito além do conteúdo escolar.
Faixas etárias: adaptações para cada etapa da vida
Brincar não tem idade. Se o grupo for formado por crianças pequenas, diminua a complexidade dos movimentos e dos versos. Bebês e seus familiares podem participar carregados no colo, sentindo o ritmo, batendo palmas devagar.
Com adolescentes, inclua desafios de improviso ou batalhas de versos no estilo do Coco. Adultos podem guiar as rodas, ensinar canções, compartilhar experiências de infância. Idosos, frequentemente, têm os melhores causos e a memória afetiva a serviço da tradição.
A cada idade, um novo olhar sobre a mesma brincadeira.
Criatividade e sustentabilidade nas atividades culturais
Ao integrar atividades artísticas e recicláveis, a educação ganha um papel transformador, estimulando criatividade e responsabilidade ambiental. Foi assim que, segundo um trabalho acadêmico da UFAM, a introdução de jogos indígenas na escola fortaleceu o respeito à diversidade cultural e promoveu práticas de sustentabilidade.
O convite à construção coletiva de brinquedos faz brotar talentos inesperados. A criança que não se destaca na fala pode ser uma grande artista na montagem de fantoches. O tímido encontra coragem para tocar seu tambor reciclado ao lado dos colegas. Mesmo quem tem mais dificuldades motoras sente-se valorizado ao contribuir na confecção dos materiais.
Vivência de oficinas criativas: fortalecendo o contato com a cultura popular
O ensino ganha sentido quando conecta afetos e saberes práticos. A vivência de oficinas baseadas nas manifestações culturais brasileiras consolida laços entre alunos, famílias e comunidades.
Uma experiência marcante é perceber a evolução das crianças: no início, com certo receio, e pouco a pouco se soltando, improvisando passos, inventando novas versões de cantigas. É nessa liberdade que a aprendizagem acontece.
Além disso, as oficinas proporcionam um amplo contato com o nosso folclore, abrindo espaço para valorizar a diversidade que existe em cada canto do Brasil. Isso fortalece a autoestima e incentiva a preservação das tradições.
Segundo o Portal do Professor, quando a brincadeira tradicional é reconhecida no cotidiano dos alunos e de suas famílias, ela ganha novo significado, tornando-se parte da identidade e do repertório das futuras gerações.
Sugestões de oficinas passo a passo
Agora, algumas propostas simples que podem ser aplicadas em variados contextos:
1. oficina de construção de maracás caseiros
Material: garrafas PET pequenas, milho seco ou arroz, fitas coloridas, fita isolante
Passe um punhado de milho ou arroz na garrafa, feche e decore por fora. Use as maracas para marcar ritmos em rodas de dança ou nas músicas de Ciranda e Carimbó.
2. circuito recreativo folclórico
Pontos espalhados pelo espaço, cada um dedicado a uma brincadeira: pular amarelinha, cantar Coco, rodar Carimbó, contar histórias regionais.
Os participantes giram em duplas ou trios, garantindo variedade e movimento.
3. projeto literário com o folclore
Selecione contos tradicionais de várias regiões (pode incluir lendas indígenas).
Alunos ilustram as cenas mais marcantes, desenvolvendo, assim, habilidades artísticas e narrativas.
4. roda de improviso musical
Comece com um ritmo simples batido com as mãos, palmas ou pés.
Alguém puxa um verso improvisado, e todos tentam responder ou fazer rimas coletivas, no estilo das brincadeiras de Coco ou emboladas.
5. desfile de brinquedos reciclados e fantasias folclóricas
Cada criança ou grupo cria seu brinquedo ou fantasia com material reaproveitado.
No final, um desfile coletivo permite que todos mostrem suas criações à comunidade ou aos colegas da escola.
Essas ideias dialogam com discussões sobre brincar como uma arte, reforçando que educar é também criar, reinventar e dar vida nova a saberes antigos.
Quem brinca inventa, e quem inventa aprende.
Benefícios educacionais de atividades lúdicas baseadas no folclore
Do ponto de vista pedagógico, as atividades folclóricas proporcionam ganhos em diferentes dimensões:
Coordenação motora: Movimentos rítmicos, saltos, rodopios, manipulação de brinquedos
Linguagem: Memorização e reprodução de cantigas, criação de versos, contação de histórias
Expressão artística: Pintura, confecção de adereços, improvisação de personagens
Consciência cultural: Reconhecimento das próprias raízes e respeito à diversidade
Interação social: Trabalho em grupo, construção de regras coletivas, senso de comunidade
O impacto dessas brincadeiras é observado até em estudos sobre a importância da brincadeira para as crianças, pois permitem que os pequenos se desenvolvam integralmente, de forma leve e prazerosa.
Como destacam materiais de diversas secretarias de educação, o lúdico na escola produz sentido, conexão e aprendizado efetivo, mesmo para adolescentes e adultos.
Vozes e vivências: o papel do brincante
Em todas essas experiências, o mediador, que pode ser professor, monitor, artista ou voluntário, deve ser visto como um “brincante”. Alguém que inspira pelo exemplo, incentiva e aprende junto.
O papel desse agente é abordado em discussões sobre o que faz um brincante. A principal função não é impor, mas acolher as diferenças, festejar as descobertas e garantir espaço para os erros e acertos de cada um.
Afinal, brincar é também um modo de construir laços, como lembra um antigo mestre da ciranda: “Numa grande roda, todo mundo cabe.”
Conclusão: construir futuro brincando com o passado
Quando olhamos para trás e celebramos as brincadeiras e manifestações culturais do nosso povo, abrimos caminhos para um futuro com mais respeito, criatividade e inclusão. Atividades inspiradas no folclore brasileiro não são só divertidas: são pontes entre diferentes mundos, entre gerações, entre escola e comunidade.
Promover experiências lúdicas que integrem música, história e consciência ambiental é uma forma concreta de fortalecer laços humanos e garantir que, independente dos tempos modernos, nossos valores sigam pulsando vivos. Sem perfeição, sem pressa. Apenas brincando, sentindo, aprendendo e celebrando juntos.
E, convenhamos, transformar espaços em palcos da cultura popular traz cor, originalidade e magia para qualquer ambiente educacional. É missão bonita e tarefa para todos. Afinal:
Ao brincar, tornamos eternas as memórias do nosso povo.
Perguntas frequentes
O que são brincadeiras folclóricas divertidas?
Brincadeiras folclóricas divertidas são jogos, cantigas, danças e atividades transmitidas de geração em geração, inspiradas nas tradições populares do Brasil. Elas podem incluir rodas de ciranda, danças como Carimbó, pequenos desafios de improviso musical, contação de histórias com personagens do folclore e muito mais. Geralmente envolvem muita participação coletiva, risos e criatividade, respeitando a diversidade das culturas regionais.
Como aplicar atividades folclóricas na escola?
Você pode aplicar atividades folclóricas na escola criando oficinas temáticas, promovendo rodas de dança e canto, construindo brinquedos recicláveis em grupo ou desenvolvendo projetos literários que abordam mitos e lendas. Adapte as propostas ao perfil da turma, usando materiais simples e integrando diferentes áreas do conhecimento. É possível realizar vivências em sala de aula, em espaços abertos, e até em festas escolares, sempre estimulando a colaboração e a valorização da cultura local.
Quais as melhores atividades legais para crianças?
Algumas das propostas mais marcantes envolvem danças de roda como Ciranda e Carimbó, oficinas de instrumentos musicais com materiais reciclados, contação de histórias com dramatização, jogos de rimas inspirados no Coco, e criação de brinquedos artesanais. O segredo está em misturar diferentes linguagens, permitindo à criança experimentar música, movimento, artes e narrativa, tudo de forma natural e alegre.
Por que ensinar brincadeiras folclóricas?
Ensinar brincadeiras folclóricas fortalece o sentimento de pertencimento, desenvolve habilidades motoras, linguagem, criatividade, respeito à diversidade e a consciência ambiental. Além disso, aproxima as crianças das suas raízes culturais, promovendo integração social e memórias positivas. Pesquisas mostram que essas práticas contribuem para uma aprendizagem mais ativa, colaborativa e significativa.
Onde encontrar ideias de atividades folclóricas?
Ideias de atividades folclóricas podem ser encontradas em livros de cultura popular, materiais didáticos, sites educativos, artigos acadêmicos que discutem jogos e práticas folclóricas, e até conversando com pessoas mais velhas que conhecem tradições locais. Muitos recursos digitais, como o Portal do Professor, oferecem sugestões práticas para adaptar essas brincadeiras ao contexto escolar. As próprias famílias e comunidades também são fontes ricas de inspiração.








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